Frei Serafin de Viana

Senti imensa alegria ao visitar o Museu da Igreja do Carmo dos Capuchinhos, em São Luís, e deparar-me com uma foto, em tamanho grande, de um conterrâneo conhecido como Frei Serafim de Viana.

Mostrando-me interessada em conhecer a história daquele homem, a encarregada do referido museu presenteou-me com livros que narram a trajetória de vida do frei vianense que, acredito, seja também desconhecida pela grande maioria de seus conterrâneos.

Seu nome verdadeiro era José Ribamar da Silva Gomes e nasceu, em Viana (MA), no dia 21 de abril de 1896. Descendente de família rica da época, o jovem se formou em Agronomia. Era detentor de rara inteligência e possuía o dom para as línguas; falava fluentemente o inglês, o francês e o italiano, além de conhecer profundamente o português. Entretanto, atingido pelo grande amor a Deus, abandonou o emprego que tinha na direção do Correio Federal e renunciou ao futuro promissor que o aguardava, para juntar-se aos capuchinhos, onde fez os votos de humildade e obediência.

Em 1930, foi acolhido como postulante da Ordem Franciscana Secular no Convento do Carmo. Na vida conventual, dedicou-se somente a servir aos demais nas tarefas mais simples de cozinheiro e porteiro. Em 1937, como oblato, foi enviado a Bahia, quando fez ali seu ingresso oficial na Ordem dos Capuchinhos, tornando-se Irmão leigo e recebendo o nome de “Serafim”.

Transferido posteriormente para Terezina, continuou servindo a irmandade religiosa como cozinheiro. Em 1940, entretanto, quando os superiores da Ordem perceberam que o Frei Serafim sobrepujava todos os professores em conhecimentos acadêmicos, resolveram designá-lo para o Seminário de Messejana, no Estado do Ceará. Como professor, porém, depois de certo tempo, tiveram de liberá-lo do ofício em virtude de sua bondade extrema: promovia todos os alunos, até mesmo aqueles que não tinham amor aos estudos.

Retornando ao Maranhão, nosso humilde e santo Irmão exerceu o serviço de porteiro do Convento do Carmo com pontualidade e muita atenção para com todos. Nessa oblação, repetidas vezes foi visto repousando sobre um banco duro, perto da portaria, com a finalidade de atender prontamente quem chegasse e para evitar também o barulho da campainha, pois não gostava que o silêncio dos frades fosse perturbado, principalmente à noite (achava que todos tinham o direito de repousar, menos ele próprio).

Andava sempre correndo para não fazer ninguém lhe esperar. Foi numa dessas ocasiões que, descendo a escada do convento no escuro, caiu e rolou escada abaixo. O acidente lhe resultou numa fratura do fêmur, que o impediu de caminhar pelo resto da vida. Mesmo assim, numa cadeira de rodas, continuou a servir seus semelhantes.

A derradeira etapa de sua vida de humildade e serviço, como irmão leigo, foi no Seminário Seráfico de Messejana, onde prestou serviços até o dia do seu falecimento, ocorrido em 14 de março de 1975. Segundo fui informada, seu túmulo é visitado frequentemente por pessoas vindas até de outras cidades. Algumas afirmam, inclusive, já terem alcançado graças por intermédio do santo vianense.

Frei Serafim de Viana não se importava em sofrer humilhações, ao contrário, achava bom sofrê-las pelo amor a Deus; seu coração era repleto de bondade e paciência. Contam que certa vez, um dos superiores da Ordem não estando satisfeito com o seu agir por demais “franciscano”, repreendeu-lhe com aspereza: “O senhor ou é um doido ou é um santo.” O bondoso religioso vianense respondeu-lhe apenas com um sorriso.

Através da pesquisa sobre a história deste santo homem, descobri que ele era irmão de duas de minhas melhores professoras do antigo curso primário em Viana: Etelvina Gomes Pinheiro (Santoca) e Maria Silva Gomes (Maroca), respectivamente minhas mestras no 4° e 5° ano. O Sr. Benedito Silva Gomes (Bibi Gomes), genitor do atual prefeito de Viana, Francisco Gomes, também era irmão do Frei Serafim.

Por Rosa Maria Pinheiro Gomes