OS 80 ANOS DE SEBASTIÃO FURTADO


Sebastião Furtado com a esposa e filhas
Regada a confetes e serpentinas, a festa do 80º aniversário de Sebastião Silva Furtado reuniu grande número de amigos, conterrâneos e familiares em sua residência, no bairro do Turu, em São Luís.

Realizada na noite do sábado, dia 19 de janeiro último, a comemoração atravessou a madrugada sob os acordes de célebres marchinhas de carnaval que reviviam os antigos bailes carnavalescos e que tanto animaram os foliões vianenses do passado.

Rodeado pelo carinho da esposa, dona Ceci, filhos, netos e bisnetos, Seu Sebastião tinha muito a comemorar. Afinal, uma existência de oito décadas, repleta de venturas e de tantos momentos felizes, era motivo mais do que suficiente para festejar a suprema dádiva da vida.

Antes do tradicional “Parabéns pra você”, o aniversariante recebeu várias homenagens, entre as quais o pré-lançamento do livro de autoria de seu tio, o saudoso padre Eider Furtado da Silva, personagem de grande significado em sua história pessoal de vida.

A animação dos convidados na festa carnavalesca

Patrocinado pelo neto, Rômulo Borges Furtado, a obra Comentários Semanais reúne várias crônicas que traduzem a preocupação do sacerdote com as injustiças sociais e a marginalização imposta ao homem do campo, durante a ditadura militar.

Vaqueiro bem-sucedido – Nascido a 20 de janeiro de 1933, o 2° filho do casal Antonio Vieira da Silva e Raimunda da Silva Furtado, recebeu o nome de “Sebastião” em homenagem ao santo do dia, na época um dos mais reverenciados pela comunidade católica de Viana.

Matriculado no Grupo Escolar Estevam Carvalho, o pequeno Sebastião teve o privilégio de passar pelas mãos de renomadas professoras vianenses, como Iraci Cordeiro, Zilda Dias, Raquima Gomes, Faraídes Campelo e da própria tia, Edith Nair Furtado da Silva.

Após concluir o curso primário, por incentivo do pároco da cidade, padre Manoel Arouche, o adolescente foi encaminhado ao Seminário Santo Antônio, em São Luís, onde estudou por três anos. Aos 18 anos abandonou o seminário e alistou-se no Exército, trabalhando por dois anos e meio no antigo Serviço de Recrutamento.

O presidente da AVL faz a entrega do livro do padre Eider

Em 1955, aos 22 anos, já se encontrava de volta a Viana, quando conheceria aquela que seria sua companheira pelo resto da vida: Ceciliana Castro, uma jovem cururupuense de apenas 16 anos, que estava em visita à cidade.

Daí em diante, o tempo parece ter passado muito rápido: enquanto nasciam as primeiras filhas, Sebastião mudou-se para o Ibacazinho, a fim de ajudar o pai na administração da Fazenda de N. S. da Conceição, na época uma das maiores fazendas da região.

O aniversariante com alguns dos netos…

Pai de dez filhos, avô de 18 netos e bisavô de cinco bisnetos, o ex- vaqueiro, ex-fazendeiro, ex-presidente da Associação dos Criadores do Município, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Viana possui uma trajetória de vida (veja matéria à página 8) que muito orgulha seus familiares e que certamente servirá de exemplo a todos os seus descendentes.

… e bisnetos

Reverenciando uma memória e celebrando a vida

 Rômulo Borges Furtado

Seu Sebastião com o neto Rômulo

Quando jovem e com pouca experiência materna, minha mãe, Cledionora Mouzinho Borges, costumava visitar o querido padre Eider. Nessas visitas, ele não perdia a oportunidade de ensiná-la como amamentar corretamente o recém-nascido.

Hoje, já homem feito, ainda lembro as visitas que fazia com os meus pais à casa de tio Eider, quando pequeno. E mesmo adulto não deixei de vê-lo todas as vezes em que ia a Viana. Lembro-me em especial da última visita, quando o encontrei deitado na sua rede e já visivelmente debilitado, depois de acometido do problema renal. No meio da nossa conversa lhe perguntei: por que o senhor não vai se tratar em São Luis? Com um olhar conformado e sereno que refletia sua sabedoria e o peso dos anos vividos, respondeu: “lá não vai ter uma rede como esta e eu já vivi muito”.

Entendi que aquela era a última vez que o via. Tamanha paz de espírito num momento daquele era um estágio reservado somente aos homens que evoluíram, que se tornaram donos de si mesmos e, acima de tudo, mantiveram-se fiéis aos seus projetos de vida e à sua fé.

Vendo o seu exemplo, sinto-me orgulhoso por celebrar os 80 anos do meu avô: Sebastião da Silva Furtado. Os dois, padre Eider e meu avô, fazem parte de uma geração de pessoas que aos poucos está partindo, deixando órfãos e menos completos os que ficam. No entanto, como todo jovem, sei que tenho o futuro pela frente e a capacidade de muito realizar nas mãos, mas nunca deixarei de olhar para o passado, pois foi nele que construí o meu presente e as bases para saber trilhar os caminhos que o amanhã me reserva.

À saudosa memória de Eider Furtado da Silva e em comemoração à vida de Sebastião da Silva Furtado e de todos os amigos e parentes que os ajudaram a fazer seus dias mais completos e felizes.