AVL ACONTECE

A AVL participou ontem da Abertura da I Semana Maranhense de Literatura – FALMA/ALL/AMEI, com a Exposição “Matiz Vianense”, da artista plástica Susana Pinheiro.

Entre os dias 09, 10, 11 e 12 de Agosto de 2017, deu-se início a I Semana Maranhense de Literatura (FALMA/ALL/AMEI); A I Semana Ludovicense de Literatura e ao Aniversário da ALL.

A abertura do evento contou com a participação da Academia Vianense de Letras(AVL), que se fez presente com a palavra da presidente da AVL,  Fátima Travassos, que destacou a importância de conferir valor maior à cultura do Maranhão e em especial à cultura dos vianenses. Contou da conquista de um terreno doado pela prefeitura de Viana, para a edificação da sede da AVL, fato que contribui para a consolidação dos trabalhos da Academia Vianense. Destacou ainda o trabalho perene que a AVL tem feito para divulgar e apoiar os artistas nas suas diversas linguagens, abrangendo a literatura, a música, o teatro e as artes plásticas.

Nesse propósito a AVL convidou a artista plástica e Especialista em História da Arte(PUC) para apresentar um trabalho voltado para a cidade de Viana, que neste ano celebra seus 260 anos.

A artista trouxe para esta data especial, na I Semana Maranhense de Literatura – FALMA/ ALL/ AMEI; I Semana Ludovicense de Literatura e Aniversário da ALL, seu mais recente trabalho intitulado Matiz Vianense. Esta é uma coletânea de pinturas em tela que celebra a gama de tons cromáticos da região dos lagos da cidade de Viana. Lagos estes que percorrem um rico caminho por pigmentações ferruginosas e terrais de uma complexidade fabulosa de cores.

Para cumprir com o desafio lançado pela AVL, a fim de elaborar um trabalho voltado para Viana, Susana Pinheiro mergulhou na história da cidade, na vida cotidiana dos moradores e em suas próprias vivências, inclusive na infância quando passava longas temporadas na casa de seus avós maternos, Suzana Gomes e Zé Serra, na fazenda do Guaratuba.

Desta feita, relembrou o passado histórico da criação da cidade que se deu com a chegada dos padres jesuítas que fundaram as margens do Rio Maracu, a Missão de Nossa Senhora da Conceição, região esta, habitada por índios Guajajaras. Foi durante o reinado de D. José I, rei de Portugal que o povoado chegou a categoria de Vila de Viana e posteriormente recebeu o título de cidade de Viana, no ano de 1855 por meio de uma lei provincial de número 377.

Viana, de subsistência agrícola, era também pecuarista e pesqueira. Conheceu a glória e também a decadência econômica com o declínio das exportações de seus bens mais produtivos, o algodão, o milho, o arroz e a mandioca.

A arte com influências europeias nascia em Viana com as construções de edifícios religiosos e moradias, trazidos pelos colonizadores, que nos induz ao estilo maneirista. Estilo que propôs uma reinterpretação ao modelo classicista Italiano, que inspirou arquitetos como Vignola e Giácomo Della Porta, fato demonstrado com a construção da igreja romana de Gesú, sede da congregação criada pelo padre Inácio de Loyola, da Companhia de Jesus, forte influenciadora da arte no processo de colonização do Brasil.

Devido a colonização do Brasil pelos portugueses, demos início as nossas edificações com traços maneiristas, barrocos e classicistas. Podemos afirmar que reunimos diversos estilos, e o resultado é uma arquitetura multicultural, eclética. Ora colonial, com traços rococós, ora sóbria com colunas e frontões romanos ou traços curvos, delicados e contorcidos como as escadarias de um art-noveau.

Viana com ladeiras e pedrarias, abriga ainda prédios com fachadas que nos remetem a um passado de rara beleza, com casas de engenho e grandes casarões e casas tecidas em madeiras com muitas janelas e corredores sem fim. Coroando esta maravilha, temos talvez a maior de todas as belezas do lugar, a sua natureza. Ladeada de lindos lagos e ilhas rodeadas de um verde misterioso, lastrado de tons terrosos e ferruginosos.

Esta mostra de arte, propõe aos espectadores, um olhar particular a despeito de tudo o que foi visto e principalmente sentido não somente no âmbito da apreciação mas nas inter-relações que se estabelecem entre o ambiente, a cidade e o cidadão.

Viana, a Princesinha dos Lagos, ainda resiste. Esta singela mostra de arte é apenas uma gota num imenso mar, mas é também um lembrete, ainda que amiúde, de que é possível preservar e recuperar nosso patrimônio que guarda tantas histórias e tantas possibilidades.

Susana Pinheiro

Artista Plástica e Especialista em História da Arte.

 

A Mostra de arte

Em sua época áurea, Viana possuía teatro, cinema, translados marítimos, aéreos e saraus de poesias e música. Porém quase todos estes bens ficaram nas lembranças dos vianenses, não fosse o esforço de muitas mãos que se entrelaçaram em prol da cidade em especial, atualmente, a AVL.