Benedito Francisco da Silva

Falecido no Rio de Janeiro, aos 95 anos, em 02/12/2008, o jornalista e funcionário público aposentado, Benedito Francisco Silva, ocupava a Cadeira n° 26 da AVL. 

Afastado do torrão natal pelas contingências próprias da vida e tendo residido na cidade do Rio de Janeiro desde o ano de 1943, o ex-jornalista, mesmo distante, sempre acompanhou os principais acontecimentos sociais e políticos da “Cidade dos Lagos”. Foi assim quando da campanha pela recuperação dos sinos da Igreja Matriz, na década de 1980. Nesse período, dirigindo a Associação de Proteção aos Nordestinos do Rio de Janeiro, trabalhou arduamente (ao lado da velha amiga e conterrânea Dillú Mello), a fim de que o governo do Maranhão devolvesse os históricos sinos à Diocese de Viana.

Nascido no dia 23 de outubro de 1913, era o 4° e penúltimo filho do casal Francisco de Sales Silva e Justina da Cunha Silva. Fez o antigo curso primário, em Viana, sob os cuidados das professoras Nila Batista e Zeíla Cunha. Em 1928 tornou-se aluno interno do tradicional Seminário Santo Antônio, em São Luís, onde prestou o curso médio e concluiu o superior em Ciências Filosófica, sete anos depois.

O ex-seminarista ainda exerceria algumas atividades comerciais em duas empresas da capital maranhense e contrairia núpcias com a jovem Margarida Lauleta, antes de migrar para a então Capital Federal, em 1943. Nesse período, desenrolava-se a II Guerra Mundial e as viagens de navio eram escassas e muito perigosas. O casal teve de enfrentar uma árdua viagem (parte de ônibus ou caminhão e parte embarcada, descendo pelo rio São Francisco) até alcançar o Rio de Janeiro.

A vida profissional – Na “Cidade Maravilhosa”, no final daquele mesmo ano de 1943, foi convidado a assumir a gerência da antiga Sociedade Rádio Transmissora, a qual seria, pouco tempo depois, adquirida pelo famoso jornalista Roberto Marinho e transformada na atual Rádio Globo.
Benedito Francisco continuou ocupando a gerência da rádio até o ano de 1950, quando recebeu nova proposta do amigo Leonardo Gagliano Neto para trabalhar como repórter da Rádio Emissora Continental, uma emissora 100% esportiva. Envolvido definitivamente na área da comunicação, decidiu fazer o curso de Relações Públicas e Jornalismo, promovido pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), entre os anos de 1956/1958.

No ano seguinte ingressou na Rádio Tupi, exercendo ali a função de Assistente de Direção Artística, até ser convidado para integrar o gabinete de imprensa do Ministério da Saúde, em 1962, quando era ministro o Dr. Estádio Souto Maior. Nesse novo mister soube sair-se muito bem, não demorando a conquistar sua contratação definitiva e assessorar ainda vários outros ministros dessa pasta por cinco anos consecutivos.

Em 1968, assumiu a chefia do departamento de relações públicas da extinta companhia Nacional de Alimentação Escolar do MEC, função esta que lhe daria oportunidade de participar de um treinamento nos Estados Unidos, durante 45 dias, ofertado pelo governo norte-americano.

Até alcançar a aposentadoria, o currículo deste experiente comunicador incluiria passagens pelo departamento de imprensa do Centro Catarinense do Rio de Janeiro e a criação de periódicos informativos dos órgãos por onde passou, além de diplomas concedidos pela Agência Internacional de Desenvolvimento e pelo Comando da Primeira Brigada de Infantaria Motorizada do Exército.

A vida familiar – Viúvo depois de 65 anos de vida conjugal, Benedito Francisco Silva morava com a família de sua única filha, Filomena, no bairro carioca do Andaraí.

Com a saúde fragilizada, que lhe impedia de realizar o grande desejo de retornar à cidade que o viu nascer, para uma breve visita (a última aconteceu em 1986), o veterano jornalista vianense dedicava-se, nos últimos meses, à revisão do livro que pretendia lançar sobre a história da Feira Nordestina do Rio de Janeiro, a qual conheceu de perto e ajudou a organizar, quando dirigia a Associação de Proteção ao Nordestino nos idos de 1980/1984.

Por Luiz Alexandre Raposo