ENTREVISTA – PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS: o olhar do médico infectologista vianense Dr. José Ângelo Lauletta Lindoso

 

ENTREVISTA

PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS: o olhar do médico infectologista vianense Dr. José Ângelo Lauletta Lindoso

(Entrevista realizada pelo Professor Joaquim Gomes, membro da AVL, ocupante da Cadeira n° 5)

Prof. Joaquim Gomes(AVL): É uma alegria muito grande conversar com o médico infectologista Dr. José Ângelo Lauletta Lindoso, vianense, filho do casal Arnaldo Silva Lindoso e Maria Cunha Lauletta Lindoso (Dona Marizinha), sobre a Pandemia da Covid-19. O nosso entrevistado reside em São Paulo, é casado com a médica infectologista Dra. Ana Angélica Bulcão Portela Lindoso, com quem tiveram três filhos Clara Maria; João Pedro e Ana Helena Portela Lindoso. Dr. José Ângelo trabalha no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, hospital de referência em infectologia da América Latina. Dito isto, pergunto, “você, em algum momento de sua vida, pensou em passar por uma pandemia como esta que o mundo inteiro está vivendo?”

Dr. José Ângelo: Certamente, nunca pensei em passar por uma pandemia. No século XXI, tivemos a pandemia de SARS, entretanto, esta pandemia não chegou ao Brasil de forma intensa, como esta que estamos vivenciando agora. Se olharmos para a história da humanidade, sempre convivemos com pandemias, talvez a mais letal foi a gripe espanhola no início do século, que ceifou quase um terço da população da terra.

Prof. Joaquim Gomes(AVL): O que significa ser um médico infectologista, e como é a rotina do seu trabalho?

Dr. José Ângelo: Neste momento, esta especialidade é a que está mais intrinsecamente relacionada ao atendimento de pacientes. Como uma nova doença, estamos em constante aprendizado, às vezes o que é verdade hoje pode não ser mais amanhã. A rotina de quem atende estes pacientes é exaustiva, mas compensadora, quando vemos um paciente evoluir com melhora clínica.

Prof. Joaquim Gomes (AVL): Qual a saída para se vencer essa pandemia sem muitas perdas humanas?

Dr. José Ângelo: Temos que pensar em diversos campos de atuação. Primeiramente, por não dispormos de um tratamento efetivo, conhecido, a melhor saída é o distanciamento social. Esta postura diminui a probabilidade de contaminação e o com menor número de pessoas infectadas teremos uma mortalidade menor. Se pensarmos a médio e longo prazo, temos que estabelecer protocolos de tratamentos com evidências cientificas seguras e não se baseando em achismos. Ao longo prazo, o ideal seria uma vacina, entretanto não sabermos , até o momento, se teremos uma vacina efetiva para esta doença.

Prof. Joaquim Gomes (AVL): O que podemos esperar da Ciência para o combate da Pandemia a longo e médio prazo e para o momento presente?

Dr. José Ângelo: A ciência pode prover informações fidedignas, nas quais podemos basear as ações terapêuticas e profiláticas. Neste ponto, três frentes da ciência são fundamentais: 1. Epidemiologia, que pode definir qual será o curso da doença; 2. Desenvolvimento de novos medicamentos. 3. Desenvolvimento de vacinas.

Prof. Joaquim Gomes(AVL): O que significa esta pandemia para uma cidade como Viana?

Dr. José Ângelo: Em cidades com populações menores, como Viana, uma pandemia como esta, afetando uma população mais carente e com acesso limitado à saúde, pode gerar transtornos em diversas áreas, tais como: aumento da letalidade, piora do padrão de vida em decorrência da redução do trabalho e consequentemente da renda. A intervenção dos governantes é fundamental para diminuir estas mazelas. Ações como melhoria do sistema de saúde e auxílio social são fundamentais.

Joaquim Gomes (AVL): Você gostaria de registar uma recomendação?

Dr. José Ângelo : A melhor recomendação seria aumentar o isolamento social, reduzir a exposição e acreditar nos profissionais de saúde sérios. Jamais se deixem levar por notícias falsas, as famigeradas fake news.

Prof. Joaquim Gomes (AVL): Todos nós sabemos que deixar a sua cidade para buscar novas realizações em diferentes âmbitos não é fácil. O que foi mais difícil? E quando você teve a certeza de que seria um caminho sem volta, e com respostas positivas?

Dr. José Ângelo: Quando almejamos algo, que não conseguimos executar em nossa terra natal, buscamos saídas e muitas destas saídas se concretizam no afastamento físico, porém a lembrança sempre fica, principalmente da infância saudável e livre. A certeza de que seria uma viagem sem volta, foi quando sedimentei minha atuação em pesquisa em laboratório e quando constitui uma família, também é um denominador que pesa muito na sua decisão. Mudar de cidade, de estado foi necessário, mas manter a lembrança da origem é fundamental. Com a tecnologia atual, tudo fica mais perto. Por exemplo: temos grupo de “whatsapp” de vianenses e da velha guarda dos amigos de infância.

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(A entrevista foi uma forma de contribuir com a população vianense, trazendo informações sobre a Covid-19, prestadas por um especialista da área. Receba nossos agradecimentos em nome do Jornal “O Renascer Vianense” e de toda a sociedade vianense).

Dr. José Ângelo, ao centro, com a sua família. (E) Os filhos João Pedro e Clara Maria; (D) Dra. Ana Angélica (esposa) e a filha Ana Helena.

 

(Fonte: https://www.emilioribas.org/)