JOÃO BALBY

O músico e compositor

 

João Pereira Balby nasceu no sítio Canindé, município de Viana, em 7 de Março de 1914. Era filho do vianense Fábio Augusto Balby e da cearense Teonília Pereira Balby. A partir de 1922, aos oito anos, passou a residir em Penalva na companhia dos seus pais que haviam deixado o Canindé. Nessa época passou pelas mãos das professoras Astérica (ABC), sua tia no Canindé – Bibi Balby, que era irmã do seu pai e Maria Rosa Marques (ícone do ensino primário em Penalva).

Voltou para Viana a fim de continuar os estudos, matriculando-se no Instituto Dom Francisco de Paula, fundado pelo Dr. Palmério Campos, promotor de Justiça da cidade. No final do ano letivo de 1930, com a transferência do fundador para outra comarca e o fechamento do instituto, o jovem se viu impedido de concluir o curso de Contabilidade.

Retorna, então, para a residência dos pais em Penalva e passa a estudar flauta e teoria musical com o maestro Antonio Gama Sobrinho; aulas de sax-soprano ele recebe do mestre Patrício Bandeira. Posteriormente passa a tocar esse instrumento em bandas locais. No início da década de 1930, ele cria a sua própria banda, a “Lira de Prata”, da qual fazia parte seu irmão José Ribamar Balby tocando flauta. São dessa fase as composições de sua autoria, cujas partituras foram resgatadas por João Mohana e citadas no livro “A Grande Música do Maranhão”: Grande Ladainha, Ladainha do Glorioso São José, Ladainha de Nossa Senhora, Veni Sancte Spiritus, Hino a São José, Santa Cecília (valsa) e Imagem de Criança (valsa).

 

Trajetória artística – Em 1937, João Balby já se encontrava em São Luís com Odilon Dias e sua orquestra. Logo passa a fazer parte do cast, tocando sax-tenor, do Jazz Alcino Bílio (o mais famoso da época). Convidado pelo trompetista Joca Parma, passou a integrar um quarteto do navio da Companhia Costeira Itaimbé (como solista de saxofone-alto). Esse navio fazia a linha Belém-Porto Alegre. Numa dessas viagens, desceu no porto de Santos, onde fez amizade com músicos locais e passou a atuar como free-lancer em festas. Começa aí a sua fase de músico no Sul do País. A primeira orquestra como contratado foi a Maby  Paiolete (1940), em Petrópolis, no Rio; seguiram-se: Orquestra Cassino  Guarujá, Domingos  Ricci  Orquestra – durante cinco anos, tendo ao seu lado o  irmão Ribamar  Balby, também no sax-alto – Orquestra de Clóvis Mamede, em Santos, da qual fazia parte o famoso saxofonista norte-americano Booker Pittman. Foram muitos anos em São Paulo tocando saxofone alto em orquestras, ao lado de maestros e instrumentistas famosos da época: o argentino Luís Rollero, Raul de Barros, Élcio Alvarez, Erlon Chaves, Osmar Millani, Gilberto Galhardo.

Durante quinze anos trabalhou como músico da rádio e TV Tupi. Esteve na TV Paulista com a orquestra de Osmar MIllani ( em programas de Dercy Gonçalves) e com a mesma orquestra em programas de Silvio Santos.

Após a falência da TV Tupi, passou a acompanhar nomes famosos  da MPB  em  gravações e  shows : Francisco Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Altemar Dutra, Eduardo Araújo, Noite Ilustrada, Agostinho dos Santos e a cultuada Maísa Matarazzo –  em sua primeira gravação.

Dotado de uma técnica apurada e com um sopro sofisticado, João Balby, muitas vezes esteve na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, quando de sua fundação – sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky – como solista convidado. Em uma reportagem da revista “O Cruzeiro”, na década de 1960, sobre os maiores instrumentistas do Brasil, ele é citado como o terceiro melhor sax-alto do país.

Em 1977, encerrou a sua carreira, aposentando-se pela Ordem dos Músicos de São Paulo.

 

A família – João Pereira Balby era casado com Doracy Muniz, filha do ex-prefeito de Penalva, Luiz Messias Muniz. Do casamento resultaram três filhos: Lurdes, Paulo (falecido aos 19 anos) e Pedro, com quem morava em Goiana, após ficar viúvo. E foi lá que ele faleceu aos 90 anos, em 7 de outubro de 2004. Mesmo com tal idade permanecia ainda com uma extraordinária lucidez. Era um homem calmo e dotado de muita sabedoria.

 

                Nota: Seu pai Fábio Augusto Balby foi prefeito de Penalva, em 1930 e o avô, João Batista Balby, intendente de Viana na segunda década do século XX. Seu bisavô, nascido em 1792, também chamado João Batista Balby, era italiano de Ragusa, no Mar Adriático. Migrou para o Brasil e se tornou um dos líderes de uma revolução ocorrida em 1821, em  Belém, para libertar o Pará do domínio português. Após o fracasso da revolução, ele fugiu para Viana, onde teve um romance com uma jovem local. Começava assim o ramo da família Balby no Maranhão. Todos os Balbys do Maranhão são descendentes do revolucionário italiano e o seu nome está perpetuado em uma das ruas de Belém.

 

         Por Raimundo Balby (matéria publicada no Renascer Vianense, edição n° 41)