José Antonio Castro

Para quem partiu há mais de 40 anos, José Antonio Rosa Castro é um perfeito exemplo de extremado amor ao berço natal. Advogado, casado (pela 2ª vez) com Danúbia, pai de três filhos (Christiane, Alexandre e Larissa) e avô de Luíza, domiciliado e residente no Rio de Janeiro, ele é um desses raros vianenses que, tendo deixado sua cidade em busca de realização profissional, retorna periodicamente não apenas para rever paisagens de gratas recordações, amigos ou parentes, mas para tentar fazer algo em defesa de seu lugar de origem.

Filho primogênito de Djalma Costa Castro e Ana Maria Rosa Castro, José Antonio nasceu no sítio Santa Cruz (Careca), propriedade do avô materno, Luiz Rosa, no dia 29 de janeiro de 1943. Cedo passou a ajudar o pai nas atividades comerciais e pequenas tarefas domésticas. Alfabetizado pela própria mãe, tornar-se-ia aluno do legendário mestre Egídio Rocha (1952 a 1955), antes de ingressar na Escola Paroquial “D. José Delgado”, onde concluiria o curso primário.

Como a maioria dos meninos vianenses daqueles tempos, paralelo aos estudos, também se iniciou no aprendizado musical, tendo como professores José Hemetério e Luís Lima. Mais tarde, frequentaria a escola de música mantida por Seu Nunes, dedicando-se aos instrumentos de sopro clarineta, requinta e saxofone alto. A estreia oficial do novo instrumentista aconteceu aos 18 anos, como integrante da Banda “São Benedito” do Sr. Ozias Mendonça, na festa de São Benedito de 1961.

Nesse mesmo ano ingressou no Ginásio “Professor Antônio Lopes”, integrando assim a primeira turma daquela instituição de ensino. Na metade da 2ª série, Zé Antonio (como ficaria conhecido em Viana) mudou-se para São Luís, fazendo ali uma estada de poucos meses antes de partir, em 1963, para o Rio de Janeiro.

Na “Cidade Maravilhosa” enfrentaria uma maratona de atividades na luta por um lugar ao sol. Enquanto concluía o antigo curso ginasial no Colégio Estadual Resende, foi vendedor de livros didáticos e auxiliar de escritório, até ingressar para o Exército, em janeiro de 1964, poucos meses antes do golpe militar que mudaria os rumos políticos do país.

Dois anos depois, deu baixa no Exército. Ao retornar à vida civil, trabalhou como escriturário do Banco Mercantil de São Paulo S/A. Em 1969 terminou o 2º grau, formando-se em Contabilidade, no Colégio Comercial Santa Bernadete. O ingresso na vida universitária só aconteceria cinco anos depois, em 1974, ao cursar a Faculdade de Direito Cândido Mendes e graduar-se em 1978. Um ano e meio após a colação de grau foi aprovado na Ordem dos Advogados do Brasil – seção Estado do Rio de Janeiro.

Enquanto conquistava seu espaço em terras fluminenses, Zé Antonio foi mandando buscar, gradativamente, cada um de seus irmãos. Em 1981, depois da morte prematura de seu genitor, sua mãe foi juntar-se, definitivamente, aos filhos. Hoje, quase todos os irmãos Castro residem no Rio e a maioria trabalha na firma familiar “Técnica Instrumentação e Controle Ltda.”, prestadora de serviços para sistemas de centrais de ar condicionado e de instalações industriais.

Fiel às suas origens, Zé Antonio, juntamente com alguns conterrâneos residentes no Rio, criou um grupo de Bumba-meu-boi para amenizar as saudades do Maranhão. A brincadeira de fundo de quintal foi aos poucos ganhando fama e arregimentando outros maranhenses. Em 1987 fez sua primeira apresentação pública, contando com amo, vaqueiros e cazumbás fantasiados a caráter. Em 1982, o grupo transformou-se na Associação Folclórica Bumba-meu-boi “Brilho de Lucas”, a qual faz parte, hoje, do calendário de atividades culturais da Prefeitura do Rio.

Em 1996, depois de instalada toda a família, o filho mais velho de D. Anicota e Seu Djalma Castro começou a empreender o percurso de volta. Inspirado na clássica obra do Dr. Ozimo de Carvalho, Retrato de um Município, decidiu trabalhar em defesa do meio ambiente e do resgate dos valores culturais de sua terra. Dessa forma, nascia o Congresso Cultural de Viana, realizado anualmente no mês de julho, mais tarde sob a administração da Fundação Conceição do Maracu.

Assim, merecidamente, José Antonio Rosa Castro foi eleito para ocupar a Cadeira de nº 22 da Academia Vianense de Letras, cuja posse aconteceu na noite festiva de 21 de maio de 2004.

Por Luiz Alexandre Raposo