LAGO DO AQUIRI

Um santuário ecológico que necessita urgentemente de proteção

 

Quando o padre João Felipe Bettendorff visitou a antiga missão de N. S. do Maracu, classificou as belezas cênicas dos lagos vianenses como um verdadeiro “paraíso terreal”, conforme registrou em sua Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. E provavelmente o que ainda hoje pode ser admirado, no lago do Aquiri, é apenas uma pequena mostra daquilo que extasiou o olhar do jesuíta ao deparar-se com estas paragens, três séculos atrás.

Certamente por situar-se mais afastado do centro urbano de Viana, o lago do Aquiri permaneceu quase intocável até bem pouco tempo. Todavia, com o crescimento da população vianense e a consequente expansão da cidade nas últimas décadas, este santuário ecológico de rara beleza e alto potencial turístico começou a sofrer o forte impacto da presença humana.

Degradação ambiental – Transformado, há poucos anos, em nova opção de passeio e lazer, principalmente na época das cheias (abril, maio e junho), o lago ganhou ultimamente a denominação de “água azul” pela limpidez e transparência de suas águas, que permitem a visualização do fundo de seu leito e das raízes da diversificada flora aquática ali abundante.

Até aqui, tudo bem. Nada mais normal que as pessoas usufruam o meio ambiente à sua volta, especialmente se esse espaço oferece tantos atrativos. O problema é que, frequentado por inúmeras embarcações motorizadas e inclusive por praticantes de Jet-skis, esse valioso patrimônio ambiental vianense começa a mostrar claros sinais de degradação.

Nos finais de semanas do período das cheias, dezenas de embarcações dirigem-se para o local, onde as pessoas passam todo o dia entre banhos, bebedeiras e comilanças (até churrascos são feitos nas embarcações), enquanto jovens exibidos executam manobras radicais de jet-skis, dizimando a flora e expulsando a avifauna daquele habitat.

Educação ambiental – Sem nenhum tipo de disciplinamento e cuidados mínimos com a fragilidade do meio ambiente, em pouco tempo o lago ficará poluído, perdendo assim a população vianense uma saudável opção de lazer em um recanto lacustre tão aprazível.

É urgente que seja iniciada uma campanha de educação ambiental, junto à coletividade, antes do próximo inverno de 2014. A recém-criada Secretaria de Meio Ambiente poderia arregimentar escolas, igrejas, sindicatos, vereadores e a mídia local em prol da preservação do lago do Aquiri, pois como diz a Constituição Brasileira em seu Capítulo VI, Art. 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Por Luiz Alexandre Raposo (matéria publicada no Renascer Vianense, edição n°41)