Com o passar do tempo, novas ideias foram sendo colocadas em prática, até que a necessidade de ampliar o alcance dessas ações forçassem a criação de uma fundação, surgida oficialmente em 1985.
Um dos principais objetivos da Fundação São Sebastião era o de promover melhores condições de vida a uma nova parcela da sociedade vianense, formada por pessoas oriundas da zona rural. Segundo sua idealizadora, era uma forma de tentar amenizar as drásticas consequências do êxodo rural em Viana, pois devido ao grande contingente populacional que a cada ano migrava para as periferias da cidade, multiplicavam-se os problemas de ordem social e econômica do município.
Dessa maneira, o trabalho pioneiro de acompanhamento pré-natal àquelas mães estendeu-se às crianças e adolescentes do Citel. Hoje, são cerca de 300 famílias assistidas pela fundação, incluindo 150 crianças que se encontram matriculadas na pré-escola.
Campo das Artes – Com dez anos de existência, a Fundação São Sebastião já contava com sua sede própria, situada à Rua Etelvina Gomes, n° 40 (Citel). Além da creche, a casa abrigava um grupo de bordadeiras. Logo foi criada uma oficina de arte com a formação de vários grupos de trabalho. O objetivo era preencher o tempo ocioso de grande parte da comunidade, que vivia na marginalidade. O material produzido pela oficina de arte acabaria ensejando uma exposição intitulada “Caminhos do Olhar”.
O sucesso da exposição fez nascer um espaço transformador, chamado de “Campo das Artes”, capaz de profissionalizar, educar e socializar pela arte. Em 1998, dona Lurdinha conseguiu o apoio e recursos financeiros da Fundação Banco do Brasil para este novo projeto.
Atualmente o “Campo das Artes” continua promovendo oportunidades para fazer e discutir a arte e a cultura vianenses, através de oficinas de arte visuais, apresentações folclóricas, palestras, seminários, encontros etc, atingindo desse modo um público bastante diversificado.
Trabalhos premiados – O “Campo das Artes” ainda abriga um grupo de produção artesanal de tapetes, bordados em tecidos e confecção de roupas em geral, o qual já participou de diversas exposições, inclusive fora do Maranhão. Em 1998, um grande painel formado por 400 bonecas de pano, fabricado pelas artesãs da fundação, logrou o 1º lugar em um festival temático da cidade paulista de Jacareí.
No ano seguinte, o trabalho das artesãs vianenses extrapolou as fronteiras brasileiras para participar da Mostra Latino Americana Arte e Educação de Buenos Aires. Na Argentina, a Fundação São Sebastião se fez representar por vários tipos de máscaras, que bem atestavam a criatividade do grupo.
Campo de Letras – Entre outras tentativas de estender a atuação da Fundação São Sebastião além dos limites vianenses, merece destaque o “Campo das Letras”, criado em novembro de 2008.
Desta feita, contando com o patrocínio dos Correios e Telégrafos, o “Campo de Letras” compunha-se de uma caravana de carros de bois, que atravessou os campos alagados da Baixada Maranhense, levando oficinas de artes visuais, mídia digital, performances e incentivo à leitura às comunidades isoladas da região.
Para a concretização de tais projetos, dona Lurdinha conta com a ajuda direta do filho Cláudio Costa, o caçula dos homens. No entanto, ela faz questão de enfatizar a parceria e o apoio imprescindíveis das jovens companheiras Meire Andrade, Iria Helena Castro e Amazonia Pereira, mulheres da comunidade há muito engajadas nesse trabalho de promoção humana.
Com quase 30 anos de existência, a Fundação São Sebastião continua focada em ações que promovam a conscientização do cidadão e o exercício de seus direitos, a fim de que as diferenças sociais possam ser diminuídas.
Dona Lurdinha acredita que as mudanças só podem ser alcançadas por meio do conhecimento, mola propulsora do impulso transformador que liberta o homem, tornando-o assim capacitado a viver harmonicamente em sociedade.
Maria de Lourdes de Carvalho Costa, filha de vianenses, nasceu em São Luís, mas desde muito jovem aprendeu a amar esta cidade, aonde vinha frequentemente visitar os tios e primos.
Casada com o vianense Gerson Costa, dona Lurdinha é mãe de sete filhos e avó de 18 netos. A família residiu na capital até 1982, quando ela e o marido decidiram mudar-se para Viana, permanecendo aqui até os dias atuais.
Pelo trabalho desenvolvido junto à Fundação São Sebastião, dona Lurdinha Costa foi uma das personalidades escolhidas, em 2007, para receber desta agremiação cultural a placa de “Honra ao Mérito Vianense”.
Por Maria da Graça Mendonça Cutrim