Maria da Graça Mendonça Cutrim

Sétima filha do casal Firmino Andrade Cutrim e Senhora das Dores Mendonça Cutrim, Maria da Graça Mendonça Cutrim nasceu na manhã do dia 23 de outubro de 1951, sob os cuidados da parteira Mãe Umbelina. O parto normal realizou-se na casa onde sua família residia, situada na extinta Praça São Sebastião.

Depois de seis filhos, todos do sexo masculino, o nascimento da primeira filha naturalmente se tornou motivo de grande regozijo para a família Mendonça Cutrim. Numa época em que a população vianense vivia sob forte influência católica, o nascimento de uma criança do sexo feminino, tão ansiosamente desejado pela família, seria interpretado como uma autêntica graça divina. Assim, estimulados pela vizinha Etelvina Nogueira Piedade (esposa de Seu Gêgê), os pais decidiram batizar a menina com o nome de “Maria da Graça”, convidando para servirem de padrinhos o então deputado e jornalista Travassos Furtado (futuro patrono da AVL) e sua esposa, Maria da Conceição Furtado.

Gracinha, como passou a ser chamada por todos, cresceu saudável e feliz entre os irmãos, numa Viana bem diferente dos tempos atuais. Alfabetizada pela professora leiga  Maria de Jesus Salgado, ingressou no antigo Grupo Escolar São Sebastião (que funcionava no turno vespertino, no mesmo prédio do Estevam Carvalho), onde seria aluna de professoras conceituadas do magistério local como Maria Antonia Gomes, Santoca Gomes e Maria de Jesus Piedade Rodrigues.

Criada num ambiente de rica e diversificada cultura, a jovem adolescente participou de montagens dos antigos autos de Natal, conhecidos como “Pastorais” (dirigidos por Evangelina Soeiro e Zidorinha Campelo), enquanto acompanhava o ingresso dos irmãos na profissão musical. Desse modo, ouvindo notas musicais de clarinetes, trompetes e saxofones, Gracinha costumava passar horas transcrevendo versos do baile de São Gonçalo em folhas de papel almaço, a pedido do pai,  um dos mais conceituados guias desse tradicional festejo do folclore vianense.

Em meio às diversões como os banhos no Porto da Cadeia e pescarias no lago, Gracinha não se descuidava dos estudos. Aluna dedicada e perseverante, desde criança acalentava o propósito de continuar os estudos até alcançar a realização profissional, embora para isso não contasse com o total incentivo materno. É que D. Senhorinha, ciente das dificuldades próprias daquele tempo para quem desejasse cursar uma faculdade, não encorajava muito as pretensões ousadas da filha.

Depois de concluir o antigo primário e ser aprovada no exame de admissão, Graça ingressou no Ginásio Professor Antônio Lopes no ano letivo de 1965, concluindo o curso no final de 1968. No ano seguinte mudou-se para a capital, tornando-se aluna do extinto Colégio Ateneu Teixeira Mendes, onde fez o 1º e 2º ano. Em 1971, concluiu o 2º grau no Colégio São Luís.

Em julho de 1973 prestou vestibular e foi aprovada em Matemática Bacharelado, curso interrompido por várias vezes para trabalhar em Viana. Nessas ocasiões, Graça  lecionou as disciplinas Ciências Naturais e Matemática no Ginásio Bandeirante e Física e Matemática na Escola Normal, acabando por tornar-se diretora desta última em 1976. Com tantas interrupções, o curso de Matemática pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) somente foi concluído em julho de 1979.

Um ano depois submeteu-se a novo vestibular para Ciências Contábeis também na UFMA, curso interrompido no 5º período, quando finalmente logrou aprovação para Agronomia na Universidade Estadual do Maranhão (curso almejado desde o 2° grau), graduando-se em 1987.

Sempre voltada ao magistério, por exigência legal das reformas do ensino, licenciou-se também em Pedagogia, dois anos depois, pela mesma UEMA. Um pouco antes, havia se licenciado em Disciplinas Profissionalizantes.

Uma vez assumida a carreira do magistério, os cursos de especialização não pararam por aí. Em agosto de 2002 fez pós-graduação em Metodologia da Educação Superior pela UEMA e, em abril de 2006, concluiu outra pós-graduação, desta feita em Orientação Educacional, Supervisão e Gestão Escolar pelo CAPEM (Centro de Avaliação, Planejamento e Educação do Maranhão).

Eleita como segunda vereadora mais votada nas eleições de 1988, Graça Cutrim assumiu o cargo na Câmara Municipal de Viana de 1989 a 1992, quando conseguiu o apoio de seus pares para aprovação do projeto de inclusão das disciplinas História e Geografia de Viana, no currículo da rede de educação municipal.

No exercício da profissão de Engenheira Agrônoma, trabalhou na AGERP-Viana, prestando acompanhamento técnico aos pequenos agricultores da zona rural do município durante nove anos, período em que esteve afastada das salas de aula.

Em 24 de maio de 2008, como coroamento de sua trajetória de lutas, Maria da Graça Mendonça Cutrim tomou assento na Cadeira nº 27 da AVL, patroneada pela professora Josefina Cordeiro Cutrim.

Por Luiz Alexandre Raposo