Minha Vida, Minha Luta

Em “Minha Vida, Minha Luta”, Travassos Furtado não registrou apenas suas memórias, mas legou à posterioridade um tesouro de conhecimentos sobre nossa querida Viana e sobre o Maranhão.

A visão é do historiador, do sociólogo e do jornalista, com o rigor metódico do filósofo, sem enredar em paixões políticas, preconceitos ou picuinhas temporais. Podemos dizer que assumiu, como intelectual, a responsabilidade que lhe cabia no seu tempo, e às vezes, de forma surpreendente.

A política, sua grande luta, que lhe daria tantas vitórias, alegrias e desilusões, também lhe renderia o mais nobre dos testemunhos. Sua história pessoal de vida mostra que, naquela ciência, em vez de evoluir, caminhamos para trás. Travassos furtado é bem o exemplo que devemos seguir em busca do tempo perdido.

Outro aspecto notável deste livro é o estudo sobre o folclore de Viana e adjacências: a festa do Divino, o baile de São Gonçalo do Amarante, o Bumba-boi, o tambor de crioula e de mina, o candomblé e outros, infelizmente já perdidos na fumaça do tempo, como a Chegança e o Fandango.

O Canto do Galo, fonte de inspiração para tantos músicos e poetas vianenses, tem sua história apresentada de forma correta, não omitindo uma de suas finalidades principais, além das serenatas: ponto de encontro para falar da vida alheia, nas noites escuras.

Resta ainda apreciar o poeta que desabrochou na tenra juventude. São suas palavras textuais: Foi em Viana que eu senti, pela primeira vez, meu sentimento inclinar-se para a poesia.

Travassos nos encanta e creio que estes versos, a seguir, representam toda a fascinação, para quem recorda, distante, da Cidade dos Lagos:

Com que ternura me lembro
Daquelas noites serenas,
Alegres, doces, amenas,
Que iam de agosto a dezembro,
Tal como enorme cascata
Que deslumbra a vista humana,
O luar beijava as águas
Derramando luz de prata
Sobre o lago de Viana

 *Texto escrito por Oswaldo Pereira Gomes ( ex-titular da Cadeira n°14, patroneada por Travassos Furtado)e  impresso na contra-capa do livro.