Walter Coelho de Sousa

Em 2011, Walter Coelho de Sousa foi a personalidade escolhida para receber a placa “Honra ao Mérito Vianense”. Entretanto, em novembro daquele ano, por já estar com a saúde bastante fragilizada, ele não pôde se fazer presente na reunião solene da AVL para receber a homenagem.

 

Leia abaixo, a biografia deste vianense que muito dignificou a terra em que nasceu:

 

Walter Coelho de Sousa nasceu na cidade de Viana, em 11/10/1926. Era o terceiro filho de Levi Coelho de Sousa e Catarina Simas Coelho de Sousa.

Da sua infância contam-se histórias de muitas traquinagens e brincadeiras típicas das cidades interioranas, com frequentes aventuras, dentre as quais destacam-se: correr na cumeeira do casarão de seus pais e pular da janela do antigo sobrado de Ozimo de Carvalho.

Dona Catarina, sua mãe, o chamava para o almoço por meio de um apito, dada a frequência com que o filho permanecia nos divertimentos com os amigos inseparáveis, Durval Cunha Carvalho e Juju Travassos.

 Juventude, formatura e vida profissional – Ainda bem jovem, deixou sua terra para estudar na capital, no antigo Colégio de São Luís. Convocado na idade legal, serviu o Exército Brasileiro, chegando ao posto de 2º tenente, quando, então, foi reformado.

Depois, ingressou na Faculdade de Farmácia e Odontologia do Maranhão, onde fez o curso de Odontologia, o qual foi concluído em 1953. Nessa ocasião, a faculdade ficava no largo de São João.

Após a formatura, como bom filho, voltou à terra natal, onde montou seu consultório, em uma sala da residência de seus pais, na Rua Cônego Hemetério, 317, e, ali, por longos anos, exerceu a profissão de cirurgião dentista, assistindo a toda a região (Viana, Cajari, Penalva e Matinha).

Depois que saiu de Viana, exerceu sua profissão nos municípios de Urbano Santos (1974); Vitória do Mearim, (1976/1996); Arari (1990/1996) e Cajari (1997/2004).

 Atividades sociais, culturais e políticas – Em 29/11/1956, casou-se com Maria do Carmo Oliveira Sousa, na Fazenda Regalo, município de Cajari. Dessa união nasceram os filhos: Melisandra da Graça Coelho de Sousa, João Watson Coelho de Sousa, Ângela Margherita Coelho de Sousa Cantanhede e Marta Maria Coelho de Sousa. Depois vieram os netos Marina Pinto Coelho de Sousa, Elza Coelho de Sousa Cantanhede, Otávio Coelho de Sousa Cantanhede, Francisco Javier Arandia Coelho de Sousa e Ana Clara Arandia Coelho de Sousa.

Durante o tempo em que clinicou em Viana, participou ativamente da vida social, religiosa e política da cidade. No governo do bispo Dom Hamleto D’Angelis, dr. Walter foi presidente do Conselho Diocesano e administrador e responsável pelas finanças da Diocese (1965-1966). A primeira escola normal da cidade foi construída durante a administração de dr. Walter, assim como todas as construções realizadas nesse período em que Dom Hamleto esteve à frente da Diocese. Ele compartilhava de maneira inseparável de todos os projetos e realizações daquele bispo, fazendo questão de enfatizar sua participação na idealização e construção da Escola Normal Nossa Senhora da Conceição.

Uma das contribuições mais importantes que dr. Walter deu à educação vianense foi como professor de Ciências, do antigo Centro de Educação Cenecista Professor Antonio Lopes. Fui seu aluno e, ainda hoje, lembro-me de suas aulas de citologia.

Na área social, dr. Walter demonstrou sua capacidade de gestor ao participar da fundação e comandar, como presidente,  por dois mandatos consecutivos, o Grêmio Cultural e Recreativo Vianense. Na primeira gestão, com a ajuda da diretoria e de um movimento que envolveu todos os sócios, construiu a sede social e quadra esportiva do clube, as quais até hoje servem de referência para a cidade. Na segunda gestão foi aclamado presidente enquanto viajava para São Luis. Organizou o clube em todos os seus aspectos: financeiro, administrativo e recreativo. Para evitar os prejuízos, tão comuns nos carnavais, instituiu a venda de bebidas através de fichas (uma novidade à época).

Naquele período, firmou-se o costume de o Grêmio comemorar o São João promovendo quadrilhas. Vale lembrar que a primeira quadrilha foi dançada pelos sócios e os ensaios eram realizados no sobrado que hoje ameaça desaparecer (à época residência da Sra. Inês e Benedito Garcia – sobrado de Miguel Dias), ao som da sanfona de Maria Laura Mohana. Contando com o dinamismo e a simpatia da esposa Dona Carminha, dr. Walter promoveu inúmeras festas, ressaltando-se o primeiro reveillon, que sacudiu as paredes do Grêmio.

O Grêmio também organizava festas para homenagear figuras marcantes da cidade como: Ozimo de Carvalho (Farmacêutico conceituado), Mãe Santinha (parteira de renome na região), e Chico Travassos, na cidade um espécie de multiprofissional, detentor de inúmeros ofícios (baloeiro, enfermeiro, dentista, barbeiro etc).

Da política, extraem-se duas passagens: a primeira quando participou do grupo do Sr. Mundico de Dunga e Rochinha, tentando, inclusive, indicar seu nome na convenção partidária objetivando as eleições municipais. Na segunda, no ano de 1988, foi indicado candidato a prefeito municipal, na convenção do Partido Municipalista Brasileiro – PMN. Em ambas não logrou êxito.

Em janeiro de1971, a família de dr. Walter deixou Viana, para fixar residência em São Luís. Na capital, trabalhou como dentista nas Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, montou consultório particular no bairro do Tirirical e no centro da cidade, ao lado do Teatro Artur Azevedo.

Para lembrar doutor Walter – Quem teve a oportunidade de hospedar-se com dr. Walter, constatou esta virtude familiar que ele cultivava: a hospitalidade. Considerada pela tradição antiga – e hoje pela ética –, como um dever sagrado, a hospitalidade é uma autêntica expressão de fraternidade. A acolhida que ele dispensava aos seus hóspedes era tão sincera que os fazia imaginarem-se em suas próprias casas.

E para concluir esta homenagem a dr. Walter Coelho, falecido em 20/02/2013, utilizo-me da síntese elaborada pelos próprios filhos, depois de tanto ouvirem seu catecismo sobre Viana: ele amou profundamente Viana; sonhou com uma Viana pólo administrativo e financeiro da sua região; uma cidade embelezada com jardins, sem seus esgotos a céu aberto. O lago de Viana era a prioridade e a grande preocupação de cunho ambiental. Falava sempre no rosário de lagos. Uma tristeza machucava o coração: pressentia o desaparecimento do lago imponente e caudaloso a banhar a cidade.

 

Por Lourival Serejo (matéria publicada no Renascer Vianense, edição n° 42)