Carlos Nina Ewerton Cutrim

Ele não fugiu à regra dos jovens vianenses de seu tempo. Nascido em 01/06/1943, depois de concluir o curso primário no Colégio Estevam Carvalho, enveredou pelo caminho da música e especializou-se como trombonista, sob a orientação do famoso maestro Luís Lima. Tocou ainda algumas vezes na Banda de São Benedito, mas de 1962 a 1969 fez parte, efetivamente, do conjunto liderado pelo violinista Zé Hemetério, ao lado dos companheiros Antonio Neves e Nonato Travassos.

Assim seria o despertar, para a vida e o trabalho, do jovem Carlos Nina, 5º filho do casal Pedro Abreu Cutrim e Benedita Everton Cutrim. Dessa época da adolescência e juventude – da qual as lembranças alegres das aventuras, brincadeiras e namoros misturam-se às árduas e desgastantes viagens a trabalho, como músico, pelos povoados e cidades vizinhas – restaram-lhe a experiência e disposição para enfrentar desafios, qualidades decisivas para o alcance da maturidade hoje alcançada.

Em 1966, aos 23 anos, recebendo o incentivo do célebre professor Luís Carlos Pereira, no mesmo ano em que contraía núpcias com a jovem penalvense Maria da Graça Rodriges Marques, Carlos Nina decidiu continuar os estudos, paralisados por vários anos, ingressando no Ginásio Professor Antônio Lopes. Em 1970, depois de concluir o ginasial, ao lado da esposa, mudou-se para a capital, ingressando no curso de contabilidade do extinto Colégio de São Luís. Depois viriam o curso de Geografia (cursado até o 4º período) e o curso de Direito, pela UFMA, iniciado no 2º semestre de 1973 e concluído em 1978. Durante dois anos, para sobreviver, Carlos Nina valeu-se da profissão de músico, chegando a integrar o “Som Livre” e “os Fantoches”, ambos conjuntos musicais de sucesso em São Luís, na década de 1970.  Paralelamente, para incrementar os rendimentos, também exercia a profissão de relojoeiro, ofício aprendido ainda em Viana.

Mais tarde, o então acadêmico de Direito passaria a ministrar aulas de Moral e Cívica no Colégio Municipal Luís Viana e Geografia no Colégio de São Luís. Em 1979 prestou concurso para o Ministério Público estadual, sendo nomeado em maio do ano seguinte como Promotor de Justiça. Nessa qualidade, prestou serviços em várias cidades do Estado, como Humberto de Campos, Pindaré-Mirim, Chapadinha, Imperatriz, Pedreiras, Bacabal e finalmente, São Luís.

Em 1996, aos 53 anos, foi promovido a Procurador de Justiça, cargo que exerce até a data atual, somente interrompido no período de 2003/2005, quando assumiu o cargo de Gerente de Justiça e Cidadania do Governo do Estado. No mesmo ano em que retomou o cargo original, Carlos Nina foi eleito e nomeado Ouvidor-Geral do Ministério Publico do Maranhão.

Pai de duas filhas, Lana Cristina e Liana Cristina, e já avô de Gabriel, o ex-músico vianense tem várias composições de sua autoria, como Viana Antiga (marcha-rancho), Viana Tropical (samba), Pracinha (choro), O dia em que te conheci (valsa), destacando-se entre estas o conhecidíssimo samba Adeus, Viana, pérola de nossa musicografia já registrada em CD e até hoje executado e cantado nos carnavais vianenses.

Carlos Nina Everton Cutrim, que ocupa a Cadeira de nº 6 da Academia Vianense de Letras, cujo patrono é o maestro Temístocles Lima, também se prepara para lançar, em breve, dois livros: um de poesias e outro de casos e memórias vianenses.

Por Luiz Alexandre Raposo