Carlos Tadeu Pinheiro Gaspar

Terceiro filho do português Armando Oliveira Gaspar e da vianense Conceição de Maria Pinheiro Gaspar (Zizi), Carlos Thadeu Pinheiro Gaspar nasceu em Viana, em 5/12/1939, no histórico sobrado de azulejos amarelos, quando ali ainda funcionava a famosa Fábrica Santa Maria. Embora tenha se mudado com os pais para São Luís, aos cinco anos de idade, suas primeiras lembranças de vida são marcantes e remontam às atividades próprias daquela casa comercial: a prensa e o descaroçador de algodão em funcionamento, o movimento dos caixeiros viajantes que chegavam e partiam, os animais de montaria presos à velha argola ainda hoje existente na esquina do sobrado e a figura do pai, atarefado à frente dos negócios.

De muda para a capital, a família alojou-se, por longos anos, na casa de nº 174 da Rua de Santo Antônio, onde também funcionaria a firma A. O. Gaspar. Aos dez anos, a partir do exame de admissão ao ginásio, o menino começou a trabalhar ao lado do pai. Sua contribuição, no início, consistia em varrer a sala, espanar os móveis, lavar o banheiro e servir de ofice-boy para os pagamentos em bancos. Enquanto aluno do Colégio São Luís (depois de passar pelos Maristas), o jovem fazia as primeiras incursões no trabalho de carteira, redigindo, à mão, a escrituração mercantil da firma. Tanto que, quando ingressou no Centro Caixeiral, para fazer o curso de contabilidade, surpreendia os colegas e professores pelos conhecimentos já adquiridos na prática doméstica.

Aos 23 anos, com o diploma de contador, além de responsável pela contabilidade dos negócios da família, Carlos oferecia seus serviços profissionais para os clientes do pai, visando aumentar sua ainda parca renda. Em 1959 ingressou na antiga Faculdade de Direito do Maranhão, onde se graduou em 1963. Depois veio a licenciatura e o bacharelado em História e Geografia.

Enquanto estudante, Carlos voltou de férias a Viana por várias vezes. A fazenda São João, de propriedade do avô materno, Delfim Neves Pinheiro, localizada pelas imediações do antigo Caminho Grande, era o local preferido para se hospedar. Além do ambiente natural, havia a agradável e inesquecível companhia do velho avô português. Dessas estadas, ficariam registrados na memória um carnaval dançado na “Gruta de Satã” (atual sede do Centro Educacional José Pereira Gomes), quando adolescente, e uma baita bebedeira em plena festa de São Sebastião.

Nesse meio tempo, os negócios da família prosperavam em São Luís. Dos secos e molhados, a firma A. O. Gaspar (agora acrescentada do Cia. Ltda.) partia para a produção de óleo de babaçu e, em 1978, adquiria a antiga Marauto (que teria a razão social mudada para Auvepar), ingressando assim no ramo de venda de automóveis. Por repartição dos bens familiares, Carlos ficou com a Auvepar, quando então teria oportunidade de mostrar seus talentos empresariais, ampliando a atuação da empresa de simples concessionária da Wolkswagem para o consórcio e locação de veículos.

Nos anos 80, Carlos Gaspar já era um nome respeitado nas áreas empresarial e intelectual do Maranhão. Na primeira, paralelo ao comércio de automotores, estenderia gradativamente seus negócios para a fabricação de papel higiênico (Alpes Celulose de Papéis), para a construção civil (Construtora Algas Engenharia Ltda.) e para o ramo dos supermercados (Preço Bom Ltda.). Na segunda, depois de tornar-se membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, ingressava na Academia Maranhense de Letras para ocupar a Cadeira de nº 34, que tem Antonio Lobo como patrono.

Presidente do Clube dos Diretores Lojistas de São Luís (1985/ 1989) e da Associação Comercial do Maranhão (1990/1994), Carlos Gaspar possui ainda em seu vasto currículo atividades que incluem a de professor das disciplinas História da Cultura e História das Religiões (UFMA, 1964/ 1980) até a de jornalista colaborador de “O Imparcial”, onde escreveu, aos domingos, durante mais de uma década.

Depois de submeter-se a uma cirurgia para implante de três pontes de safena, decidiu diminuir o ritmo de trabalho. Atualmente, o intelectual de olhar crítico e atento sobre os problemas do Maranhão e do Brasil pode entregar-se às coisas do espírito com maior intensidade. E projetos literários para o futuro não lhe faltam.

O titular da Cadeira n° 1 da Academia Vianense de Letras é autor de trabalhos como Refazendo o Caminho, Dunshee de Abranches (discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão), Catedral de Emoções (crônicas), Caminhos Percorridos (discursos) ,Conto 13 Contos, O Sobrado Amarelo (obra que reúne crônicas sobre fatos e personagens vianenses, algumas inéditas e outras já publicadas na coluna semanal de O Imparcial), O senhor Antônio Lobo, História de São Luís e Reflexões Semanais.

Por Luiz Alexandre Raposo