Faraíldes Campelo da Silva

Filha mais velha do casal Raimundo Marcelino Campelo (o famoso Coronel Campelo que empresta seu nome a uma das principais ruas desta cidade) e Olívia Rosa Garcia Campelo, Faraíldes Campelo nasceu em Viana no dia 8 de janeiro de 1896.

Demonstrando desde cedo vocação para o magistério, depois de concluir o curso primário na extinta Escola Mista Estadual, aos 15 anos, em 27/11/1911 (o diploma foi assinado pela célebre professora Amélia Carvalho), a jovem foi encaminhada para São Luís, sendo matriculada no curso normal do tradicional Liceu Maranhense, onde seria aluna de renomados mestres maranhenses, entre eles o jornalista e escritor Jerônimo de Viveiros.

Ao se formar, exatos cinco anos depois, em 27/11/1916, Faraíldes, aos 21 anos, tornar-se-ia a primeira vianense a conquistar o grau de professora normalista e, por conta desse feito, logo contratada pelo Estado para lecionar em sua cidade natal, como professora de classe “A”, na mesma escola onde havia estudado (cujo prédio situava-se nas imediações da atual sede da Câmara Municipal, próximo ao Canto do Galo).

Muito prendada, como era costume entre as moças de sua época, Faraíldes sabia fazer bordados à maquina (era o seu passatempo preferido), dominava o crochê e ainda tocava flauta. Leitora contumaz, ela estava sempre à procura de um novo livro para ampliar os conhecimentos ou simplesmente distrair-se. Na culinária também angariava elogios, principalmente na sua especialidade que eram os doces, bolos e manuês.

No ano seguinte, em 28 de julho de 1917, a jovem normalista casou-se com Zeferino Silva Filho, que exercia o cargo de Coletor Federal na cidade, nascendo dessa união uma prole de oito filhos, a saber: Suzete, Mayron, Everaldo, Maria do Socorro, Mirthes, José de Ribamar, Aliete e Maria Tereza.

Mulher calma e simples, Faraíldes saberia conciliar perfeitamente os deveres de mãe e dona de casa com a profissão abraçada. Ao contrário do marido que era festeiro, ela não frequentava bailes nem gostava de carnaval. Também não era chegada a maquiagem e dificilmente usava batom. Duas de suas filhas, Maria do Socorro e Aliete a definiram como uma pessoa desprovida de vaidades, mas muito carinhosa e amiga de todos: Ela sabia conquistar a simpatia e o respeito não somente da coletividade em geral como em especial das colegas de profissão, Benedita Balby, Zeíla Cunha e Edith Nair Furtado Silva. Esta última costumava passar tardes inteiras lá em casa, em conversas animadas com mamãe, recordam as filhas.

Seu ex-aluno, o Procurador de Justiça aposentado e membro da AVL, José Pereira Gomes, também dá seu depoimento sobre a figura da ex-mestra: Ela era dinâmica e dona de uma personalidade marcante. Trazia sempre um meio sorriso nos lábios em sala de aula, mas também não dispensava uma régua debaixo do braço para corrigir, se necessário, com uma “reguadazinha”, os alunos mais indisciplinados.

A professora Faraíldes participou da fundação do mais antigo estabelecimento de ensino vianense, ainda em funcionamento, o então Grupo Escolar Estevam Carvalho, ocorrida no dia 20 de fevereiro de 1934, tornando-se assim sua primeira diretora. Gerações e mais gerações de vianenses passariam pelas mãos da competente professora normalista ao longo de mais de 30 anos de dedicação ao magistério. Após sua aposentadoria ainda continuou residindo em Viana por alguns anos até mudar-se, em 1956, com toda a família para São Luís.

Em julho de 1967, em cerimônia festiva realizada na Igreja do Carmo, prestigiada por todos os filhos, genros, noras e netos, o casal Zeferino e Faraíldes comemorava suas “Bodas de Ouro”. No final desse mesmo ano, entretanto, ao submeter-se a uma complicada cirurgia no Rio de Janeiro, Zeferino Silva faleceria, deixando viúva a veterana professora.

Nas duas últimas décadas de vida, Faraíldes Campelo Silva esteve cercada pelo carinho dos filhos e netos. Devota fiel de Santa Terezinha do Menino Jesus e de São José, ela gostava de colecionar livros de oração. Era fã de Roberto Carlos, mas sua música preferida era “Fascinação”, que costumava cantarolar baixinho enquanto executava pequenas tarefas domésticas.

Aos 88 anos, sofrendo com as debilidades próprias da idade, agravadas por um AVC, a ex-professora faleceu no dia 24 de agosto de 1984, sendo sepultada no Parque da Saudade, em São Luís.

O exemplo de vida e de dedicação ao magistério vianense da professora Faraíldes Campelo Silva lhe fizeram merecedora de tornar-se patrona da Cadeira nº 21 da Academia Vianense de Letras, numa homenagem póstuma da reconhecida gratidão de todos os seus conterrâneos.

Por Luiz Alexandre Raposo