João Carlos Gouveia (Juca Gouveia)

João Carlos Gouveia (Juca Gouveia)

João Carlos Gouveia, filho natural de D. Joanna Laudolina de Gouveia, nasceu em Viana, no dia 4 de novembro de 1887, à Rua de Santa Rita, canto com a Rua do Alecrim, e faleceu em 24 de junho de 1922, aos 35 anos. Casou-se em 31 de julho de 1915 com Perolina da Cunha Gouveia (Sinhá) e desse consórcio nasceram João Cunha Gouveia, em 28 de outubro de 1916, e Iracema Cunha Gouveia, no dia 22 de maio de 1920. Juca (como era chamado) foi comerciante em Viana e, também, na localidade de Barradas, distrito de Monção. Em 7 de junho de 1916, foi nomeado para o posto de Capitão Ajudante de Ordens da 61ª Brigada de Infantaria da Guarda Nacional da Comarca de Viana e, em 31 de julho de 1919, ele foi nomeado para o cargo de Promotor Público, aos 31 anos de idade. A produção intelectual deste vianense estava guardada em um baú de cartas abrigado no solar dos Lopes da Cunha, por mais de cem anos, que foi preservado pelo seu filho João Cunha Gouveia, onde guardou um conjunto de cartas trocadas com intelectuais da época, além de diários pessoais e discursos sobre temas diversos que proferiu em Viana, no alvorecer do século XX e, principalmente, o livro de poemas que Juca Gouveia não chegou a publicar. Sua poesia não se restringiu à cidade de Viana. João Carlos Gouveia publicou poemas em diversos jornais do Maranhão, conforme pesquisa de sua bisneta, Pollyanna Gouveia Mendonça Muniz, acadêmica, titular da cadeira 28, patroneada por Raimundo de Castro Maya, da Academia Vienense de Letras, AVL. Importante acervo é o livro Ilusões Perdidas, escrito pelo poeta vianense em 1909 e que será finalmente publicado em 2022, com dedicatória à sua mãe. Este livro repousava no silêncio do baú em meio a tantos papéis. No dia 28 de julho de 1910, no salão do espaço Municipal (prédio da Prefeitura), em Viana, ele declamou um poema em comemoração ao 87º aniversário da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil. O poeta Juca Gouveia dedicou, em 1914, à sua professora Cóia Carvalho, um poema remetido ao Jornal O Martello, de Caxias. Em O Estado, no ano de 1916, publicou o poema Fructo de meu amor, em homenagem a seu filho nascido naquele ano. Publicou em 1917, em O Postal, uma composição intitulada Vida. No mesmo jornal, um ano depois, publicou O Mendigo. No baú ainda estão preservados outros poemas publicados. O discurso dos anos 1917, destacou a defesa da bandeira nacional e deu tom acusatório aos estrangeiros – que era muito comum àquela época e, surpreendentemente, aponta a ofensiva alemã, quando o mundo ainda vivia os reflexos da Primeira Guerra Mundial que só acabaria em 1918. Em 1919, escreveu o Poema “Hosana” para homenagear o bispo D. Helvécio Gomes de Oliveira, quando foi recebido em Viana. Entre os discursos destaca-se um sobre a Proclamação da República e outro sobre a Adesão do Maranhão à República, três dias após o evento oficial de entrada no regime republicano. Os discursos de Juca Gouveia revelam como ele era reconhecido, um orador que discursava em público e formava opinião. Era ser reconhecido como um intelectual em sociedades em que imperavam ainda as poucas letras e mesmo o analfabetismo; discursar publicamente era mais do que ter status e prestígio naquela comunidade. As cartas contidas no baú permitem descortinar a trajetória de um poeta desconhecido, vianense e maranhense, cujas cartas permitirão aos leitores uma volta ao passado, sobre aspectos do cotidiano de homens e mulheres do Maranhão, de fins do século XIX e inícios do século XX, intelectuais do cenário literário maranhense. Juca Gouveia manteve intenso contato intelectual com Ribamar Pereira, fundador da cadeira nº 37 da Academia Maranhense de Letras e com Ribamar Pinheiro, o fundador da cadeira nº 22 da AML.