Maria Helena Nunes Castro

Fruto do casal Raimundo de Sousa Castro e Melany Nunes Castro, a futura enfermeira nasceu em Viana, no dia 2 de março de 1943. Era a segunda filha de uma família de três irmãos.

Das lembranças marcantes da infância feliz, passada na Praça da Matriz onde moravam seus pais, sobressaem-se as brincadeiras de roda em noites de lua, os estudos primários feitos no Estevam Carvalho com as professoras Iraci Cordeiro e Zeíla Lauletta, a repetição da 5ª série na Escola Paroquial (sua mãe a considerou muito nova ainda para ingressar no ginásio), a participação nos reisados e pastorais natalinas de D. Anica Ramos, os retiros espirituais da Páscoa, as missas dominicais e o toque festivo dos velhos sinos da Igreja Matriz.

Afilhada de batismo do padre Manoel Arouche que, pela austeridade própria, a intimidava a pedir a bênção como era costume naqueles tempos, a menina acabou apelando para os irmãos gêmeos, José e Manoel Soeiro, que não se negaram em assumir o papel de padrinhos, abençoando-a todos os dias.

Em 1955, a jovem adolescente embarcou para a capital, a fim de iniciar os estudos preparativos para o exame de admissão ao ginásio, no extinto Colégio de São Luís. Desse novo período estudantil, as férias passadas em Viana, ao lado da família, também deixariam recordações inesquecíveis, como as viagens de lancha, os jogos de vôlei, os bailes de carnaval e as primeiras paqueras, ou a participação como uma das “damas” nos 15 anos de Conceição Raposo, primeira festa do gênero realizada em Viana.

A fase de estudante, no entanto, não se constituiu somente de estudo e diversão, pois nesse mesmo tempo Helena iniciava seu processo de politização. Foi membro da famosa Juventude Universitária Católica (JUC), participou de grêmios estudantis e diretórios acadêmicos, sem esquecer o cargo de secretária da Associação Vianense de Estudantes (AVE), entidade criada para congregar o grande número de jovens vianenses que estudavam em São Luís, na década de 1960.

Ao graduar-se em Enfermagem pela Fundação Universidade Católica (atual UFMA) e posteriormente alcançar os graus de Mestre e Doutora em Saúde Pública pela USP, Helena Castro saberia trazer para a vida profissional o compromisso social, assumido desde o engajamento nos movimentos estudantis.

Dessa forma, selecionada em início de carreira pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para trabalhar nos municípios de Pindaré, Chapéu de Couro, Bom Jardim e Zé Doca, a nova enfermeira encontraria nessa experiência a motivação para decidir-se, na área de saúde, pela prevenção e não apenas pelo tratamento de doenças.

Mudando-se para a Capital Federal, Helena trabalhou na Fundação Hospitalar e Maternidade de Brasília até o falecimento de seu pai, em 1969, quando retornou ao Maranhão para prestar serviços por algum tempo na Santa Casa de Misericórdia e Hospital Juvêncio Matos. Daí a pouco tempo surgiria um novo desafio, o qual lhe propiciaria retomar o trabalho com a saúde pública, priorizando a prevenção de doenças. Foi pela época da Barragem de Boa Esperança, ao assumir a coordenação das ações de saúde pública nas cidades maranhenses de Nova Iorque, Benedito Leite e S. João dos Patos e também nas cidades piauenses de Antonio Almeida, Guadalupe e Uruçuí.

De volta a São Luís, Helena prestou concurso para professora auxiliar do Curso de Enfermagem da UFMA, sendo designada para trabalhar em Pedreiras numa experiência exitosa de interiorização da universidade. Foi ali que ela se tornou diretora da primeira Escola de Auxiliar de Enfermagem Regionalizada, projeto que tinha como objetivo melhorar a assistência de enfermagem no interior maranhense.

Secretária de Saúde do Município por onze anos, durante a administração de Jackson Lago na Prefeitura de São Luís, o nome de Helena Castro ganhou, nesse período, maior notoriedade e respeito no meio sociopolítico da capital pelo excelente trabalho desenvolvido à frente daquela pasta. Tanto foi assim, que ela não teve grandes dificuldades para se eleger, por duas vezes, como vereadora de São Luís.

Com o dinamismo que lhe é próprio, a filha de S. Raimundo e D. Melany soube conquistar grande número de amigos e admiradores ao longo de sua trajetória profissional. Entre tantos cargos assumidos destacam-se: secretária, vice-presidente e presidente da Associação Brasileira de Enfermagem (seção Maranhão); membro da 1ª Diretoria do Conselho Federal de Enfermagem e da Associação Brasileira de Sanitaristas; presidente do Conselho Maranhense de Secretarias Municipais de Saúde; membro do Movimento de Mulheres e do Movimento Negro do PDT; e ainda o de Secretária de Estado de Administração e Previdência Social no governo Jckson Lago.

Profundamente religiosa desde a infância, Helena não se descuida em cultivar sua fé. A vida, para ela, sendo o maior presente recebido de Deus, é dom divino. Por isso deve ser vivida com dignidade e em toda sua plenitude como forma maior de gratidão ao Criador.

Por Luiz Alexandre Raposo