Padre Constantino Vieira

Filho do casal Aureliano Antonio Vieira e Rita de Cássia Trancoso Vieira, Constantino Trancoso Vieira nasceu, em Viana, no dia 29 de outubro de 1901.

Aos treze anos de idade, o adolescente deixou a cidade natal e o convívio dos pais e de seus dois outros irmãos (Antônio e Hilda) para ingressar no Seminário Santo Antônio, em São Luís, onde receberia os óleos sagrados da ordenação sacerdotal, em 22 de março de 1925, ao lado do colega e não menos brilhante conterrâneo, Astolfo Serra.

Imediatamente designado para a paróquia de Alto Parnaíba, ali chegou com toda a fé e o entusiasmo de seus 23 anos para exercer o sacerdócio junto ao povo católico daquela distante localidade. Depois de cinco anos, em 1930, foi transferido para Pastos Bons, cidade na qual trabalharia por mais de duas décadas, granjeando por todo esse tempo o respeito e a admiração de seu rebanho que via nele um autêntico apóstolo e líder espiritual.

Segundo o jornal “Pastos Bons” (ano I – edição nº 2), órgão informativo e cultural daquele município, o padre Constantino Vieira era zeloso de suas funções, fazia da palavra fácil e do pensamento lúcido, na exposição da doutrina católica, um instrumento poderoso de comunicação, função essa que se tornava mais fácil pelos dons artísticos que possuía, dirigindo o coro da igreja como cantor e pianista. Sua atividade nesse campo atraía as pessoas mais jovens e dava às festas religiosas, sobretudo as novenas do padroeiro São Bento, um tom animado e participativo, impregnado do sentimento de fé e de respeito ao culto religioso.

A preocupação com os problemas sociais e seu interesse em servir as comunidades pobres acabaram por conduzi-lo à política, conseguindo assim eleger-se como suplente de senador. Durante o curso da vigência, entretanto, por divergir frontalmente com o titular do cargo, o senador pelo Maranhão Clodomir Cardoso, decidiu renunciar à suplência, através de um telegrama endereçado ao Senado Federal. Um fato, porém, viria modificar sua drástica decisão: a morte repentina do titular, pouco tempo depois de sua expressa desistência da carreira política. O padre Constantino tentou revogar seu ato, mas por já haver homologado a renúncia, o Senado lhe indeferiu a pretensão, fazendo-o, então, recorrer ao Poder Judiciário, instância onde tampouco alcançaria êxito.

Em 1952, já licenciado pelo bispo de Caxias, jurisdição a que pertencia a paróquia de Pastos Bons, mudou-se para São Luís, passando a exercer atividades de caráter administrativo como a de ecônomo do Palácio Arquiepiscopal, secretário do arcebispado, chanceler da Cúria e Chantre do Cabido Metropolitano.

Em todo esse tempo voltado para o sacerdócio e a política, padre Constantino jamais se esqueceu de suas origens: as férias eram sempre passadas em Viana, quando tinha oportunidade de rever os pais, irmãos e amigos. O jornal vianense “A Época”, enquanto circulou (1929 a 1932), registrou por várias vezes sua chegada à cidade. O sacerdote ainda escreveria alguns artigos, como colaborador, para o jornal do Dr. Ozimo de Carvalho.

Exercendo o sacerdócio na capital maranhense, o já Cônego Constantino Vieira assumiu também o cargo de professor e capelão da antiga Escola de Enfermagem “São Francisco de Assis”, situada na Rua Rio Branco, a qual daria origem à Faculdade de Enfermagem, atualmente encampada pela UFMA.

Atacado pela leucemia, o religioso faleceu no dia 10 de fevereiro de 1964. O “Jornal do Maranhão” registrou sua morte da seguinte maneira:  Às vésperas de completar o seu 39º ano de apostolado e dedicado ao sacerdócio, aos 63 anos de profícua existência, morreu placidamente, tendo à cabeceira o seu bispo, rodeado de inúmeros sacerdotes que acorreram pressurosos ao quarto  6 da Santa Casa de Misericórdia, ao terem notícias de seu grave estado de saúde.

Em janeiro daquele mesmo ano, o então papa Paulo VI o agraciara com o título de “Camareiro Secreto” (oficial da Câmara do Papa). Infelizmente, o título só chegaria ao conhecimento do clero maranhense um mês após o falecimento do extremado sacerdote.

Elevando seu nome à constelação dos vianenses imortais, a AVL oficializou a figura do Padre Constantino Trancoso Vieira como patrono da cadeira de nº 26, ocupada anteriormente pelo jornalista aposentado, Benedito Francisco Silva. Com o falecimento deste, em dezembro de 2008, o médico aposentado, Aldir Penha Costa Ferreira, assumiu a cadeira n° 26 em maio de 2012.

Por Luiz Alexandre Raposo