Rosa Maria Pinheiro Gomes

Filha de humildes lavradores, Rosa Maria Pinheiro Gomes nasceu no povoado de Bom Jardim (Monção), em 22/08/1937. Aos dois anos de idade foi adotada pelo casal Raimundo Coelho Pinheiro e Zoeth Cunha Pinheiro, proprietários da fazenda Serra Azul, localizada naquele município. Dos pais biológicos, Raimundo Garcês Gomes e Ovídia Rocha, a futura imortal vianense, infelizmente, não guardou nenhuma lembrança.

Aos oitos anos mudou-se com os pais adotivos para Viana, onde foi matriculada no Grupo Escolar Estevam Carvalho, tornando-se aluna de célebres professoras como Celeste Carvalho, Santoca Pinheiro e Maroca Gomes. Depois de concluir com brilhantismo, em 1950, o curso primário, viajou para São Luís, a fim de continuar os estudos no conceituado Colégio Rosa Castro. Oito anos mais tarde, retornava a Viana com o diploma de professora normalista debaixo do braço.

No ano seguinte, em 1959, nomeada como professora do Estado foi designada para ensinar no mesmo Grupo Escolar onde havia estudado. Antes, porém, do início desse ano letivo, casou-se com Belarmino Pereira Gomes, numa cerimônia simples, realizada na Igreja Matriz, sob as bênçãos do então jovem sacerdote, Heitor Piedade Júnior.

A carreira da competente professora estava apenas começando. Em 1968 concluiria o curso de Supervisão Escolar, mas mesmo exercendo a nova função de supervisora não abandonaria a sala de aula. Além de lecionar História Geral no Ginásio Prof. Antônio Lopes, ensinaria as disciplinas de Sociologia Educacional, Psicologia da Educação e História do Maranhão na  recém-fundada Escola Normal Nossa Senhora da Conceição, da qual também se tornaria a primeira diretora.

A sede do saber, que sempre lhe instigara o espírito, servir-lhe-ia de mola propulsora por toda a vida. Em 1971, depois de afastar-se da direção da Escola Normal, voltou a São Luís planejando continuar os estudos. A primeira opção, naturalmente, recairia sobre o curso de Pedagogia (habilitação em Supervisão Escolar), só que desta vez ao nível de terceiro grau. Enquanto estudava, trabalhava na equipe de currículo da Secretaria de Educação do Estado e ministrava cursos de capacitação para professores leigos e titulares do interior, durante as férias. Nesse período, também atuaria como supervisora escolar em Pedrinhas e nas escolas supletivas da capital.

Em 1975, prestou vestibular para o curso de Direito, na UFMA. Aprovada, não quis perder a chance de dar um novo rumo à vida profissional, embora o marido e os filhos menores, por força das circunstâncias, ainda continuassem residindo em Viana.

Cinco anos depois, em 20/07/1979, já com toda a família reunida em São Luís, a ex-professora bacharelou-se em Direito. Um mês após a formatura, submetia-se ao concurso para Promotor de Justiça. Novamente aprovada, começaria sua odisséia pelo interior maranhense. A primeira comarca foi a de São João Batista, onde trabalharia durante um ano e sete meses. Seguiriam-se Itapecuru-Mirin e Pedreiras até chegar à 4ª entrância, em São Luís, em 1993. No ano seguinte seria promovida a Procuradora de Justiça, atuando na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça desde então. Como representante do Ministério Público Estadual, exerceu ainda a função de conselheira do Conselho Estadual da Mulher.

Casada há mais de 50 anos, essa matriarca de uma prole de quatro filhos, quatro netos e três bisnetos pode ser considerada, hoje, uma autêntica e aguerrida representante da mulher da Baixada Maranhense. Na busca do crescimento intelectual e social, não permitiu que os obstáculos naturais lhe impedissem a realização de seu objetivo. Em que pesem tantos méritos, Rosa Maria reconhece humildemente a sorte que a vida lhe reservou, ao ser adotada por uma família de melhor poder aquisitivo: “Se não fosse assim, hoje eu poderia ser uma simples quebradeira de coco”.

Sobre Viana, cidade da qual nunca se afastou definitivamente, conserva nítidas e agradáveis lembranças do passado: as brincadeiras infantis de cantigas de roda com as inseparáveis companheiras Baducha Gomes, Benedita Rocha e Rosaura Lauleta; a influência benéfica das antigas professoras Celeste Carvalho e Zeíla Lauleta; a concorrida festa de Nossa Senhora de Nazaré e – já na adolescência, quando vinha de São Luís para as férias escolares – os bailes carnavalescos na famosa “Gruta de Satã”.

Membro fundador da Academia Vianense de Letras e titular da cadeira nº 15, que tem Anica Ramos como patrona, a atual Procuradora de Justiça, Rosa Maria Pinheiro Gomes sintetiza com veemência: “Tudo o que sou, devo a Viana”.

Por Luiz Alexandre Raposo