Zeíla Lauleta

Zeíla Irinéia Cunha, este era o nome de batismo de Zeíla Cunha Laulleta.  Filha caçula do casal Mariano Cunha e Izaura Mendes Cunha, tendo como irmãos Benedita Oliveira (Bibi), Zoeth Pinheiro, Florita Carvalho e Claudionor Cunha (Sinhô), a futura professora nasceu em Viana, no dia 15 de dezembro de 1902, em pleno alvorecer do século passado.

Depois de realizar os estudos primários nesta cidade, a menina foi encaminhada para São Luís, a fim de cursar o magistério, quando ficou hospedada com a família do Sr. Antonio Moraes, amigo dos Cunhas e responsável pela documentação contábil do comércio de seu genitor. Na capital, a jovem vianense foi matriculada no curso Normal do Liceu Maranhense, concluído anos depois com brilhantismo.

Diplomada, a nova professora normalista regressou a Viana, sendo logo nomeada para lecionar na Escola Agrupada São Sebastião, a qual funcionava por essa época no antigo “porão”, prédio colonial que existia na Rua Celso Magalhães. Zeíla Cunha também trabalhou no Colégio Faraíldes Campelo, antes de ser designada para integrar o quadro docente do então recém-fundado Grupo Escolar Estevam Carvalho. Anos mais tarde assumiu a direção deste último, permanecendo ali como diretora até alcançar a aposentadoria.

Nesse período de atividade como educadora, conheceu o pernambucano Ângelo Luisi Lauletta, filho de família italiana e homem de negócios que, de passagem por Viana, interessou-se pela jovem professora.  Do matrimônio, realizado no dia 29 de julho de 1933, nasceram as filhas Mariazinha e Rosaura.

Descendente de uma das mais conceituadas famílias vianenses, a professora Zeíla aprendeu a conservar os costumes e as tradições religiosas e cívicas. Muito de acordo com o forte catolicismo de sua época, quando jovem, filiou-se à “Irmandade das Zeladoras de São José”. Mais tarde, depois de casada, tornou-se “Zeladora do Coração de Jesus”. Seu pai era quem organizava os festejos de São Benedito, contribuindo decisivamente com seu testemunho para a formação religiosa da família.

D. Zeíla gostava de ler romances e peças teatrais, além de compor poesias. Entretanto, tinha como hábito mais prazeroso (conservado desde a juventude) o de escrever longas cartas para os parentes e amigos.

Durante vários anos, manteve em sua própria casa um curso preparatório para o ingresso na vida escolar, tendo sido assim professora de Zezinho Piedade, Maria Antonia Gomes, Maria José Rodrigues (D. Zeca, futura esposa do Senhor Penha), dentre tantos outros que por lá passaram.

Sua residência também era muito procurada pelos estudantes em busca de informações para os trabalhos escolares. Sua habilidade para a produção textual, na época chamada de composição escolar, lhe rendeu muitas consultas. Nessas oportunidades, deixava que o aluno escrevesse o que soubesse para daí orientá-lo, já indicando que o fazer pedagógico se dava no processo de construção.

Um aspecto interessante, no tocante ao seu trabalho, era a realização das festas cívicas. D. Zeíla organizava com muita alegria e paixão os desfiles de 7 de Setembro. Quando da fundação da Escola Normal N. S. da Conceição, ela também atuou como professora da nova instituição de ensino que chegava para concretizar o sonho de muitos jovens da terra.

A estatura alta, voz mansa, semblante calmo e o olhar atento de boa observadora eram marcas da professora Zeíla, que residiu em Viana até o ano de 1979, quando acompanhou a mudança da filha Mariazinha para São Luís, onde viria a falecer no dia 13 de novembro de 1984.

Seu corpo foi sepultado em Viana, no Cemitério São Sebastião, no jazigo da família Cunha.

Do mesmo modo que suas colegas de profissão, Edith Nair, Faraíldes Campelo e Benedita Balby, Zeíla Cunha Laulleta também  se fez merecedora do reconhecimento de seus conterrâneos. Assim, em fevereiro de 2004, foi eleita patrona da Cadeira n°30 da Academia Vianense de Letras.

Por Joaquim Oliveira Gomes